top of page
ventobravomkt

Explorando o Sertão Baiano



Final do voo

Por Vagner Campos – Explorando o Sertão Baiano BGD Paragliders - Parapente DIVA 2 EN- D



Bom, eu gostaria de falar para vocês um pouco sobre o voo no sertão baiano e, principalmente, sobre o voo que eu fiz recentemente renovando o recorde do Estado da Bahia, que era de 311 km, feito por mim em 2022, também de Ribeira do Pombal. Mas quero aproveitar este espaço para falar mais sobre o potencial do estado para voos de longas distâncias, e este voo é a prova de que o sertão baiano comporta voos perto da marca dos 500 km. Abaixo, explico com mais detalhes. Aproveito também para agradecer a todos pelo carinho, mensagens e torcida. Sempre grato.


Comecei a observar os céus da Bahia quando subia de carro para trabalhar e voar no sertão do Ceará e Rio Grande do Norte. Normalmente, dormia nos hotéis à beira da estrada em Feira de Santana ou Vitória da Conquista. Saíamos sempre às 6h ou 7h da manhã e a condição sempre me chamava a atenção. Já tinha nuvens nesse horário e vento, parecia uma condição de voo onde voávamos. Bom, ficou o registro!


Se não me engano, em 2022 tive a oportunidade de conhecer uma rampa em Feira de Santana para voar uma etapa do Campeonato Baiano, que tinha apenas 15 pilotos, algo assim. Mas eu queria mesmo era conhecer, ver de perto como era esse voo e, para minha surpresa, era exatamente o que eu pensava: era o voo do sertão, mas desta vez na Bahia. Neste dia do campeonato, estava tudo nublado e fizemos um voo de 50 km, bombando tudo, térmica de 5/6 m/s, condição animal. Foi amor à primeira vista.


Neste mesmo campeonato, conheci o Léo de Ribeira do Pombal, e foi ali o primeiro convite para ir conhecer a rampa dele. Também, nesse meio tempo, rolou um convite da querida amiga Marcinha Finelli, que fez um vídeo mostrando a rampa e chamando eu e a Priscila para ir conhecer o local. E lá fui eu.


Nesta primeira oportunidade em que fui, já imaginei um voo acima de 200 ou 300 km, mas logo depois do primeiro dia de voo, percebi que dava para forçar mais e explorar ainda mais o potencial do local. Foi quando, no segundo voo, decolei às 7h30 e pousei às 10h30, com 140 km de voo. Inclusive, esse mesmo quilômetro de voo acaba se tornando um obstáculo, mas mais para frente voltaremos a esse ponto.


Voltando ao voo, neste dia eu vi o potencial do sertão: condição animal, nuvens lindas, rota desenhada e mantendo velocidade. O voo estava tão fácil, mais tão fácil, que eu relaxei e falei: "A qualquer lugar que eu for, irei subir". Me ferrei, pousei e fui da base para o chão, sabendo que aquele dia era um voo para 400+. Bom, ficou engasgado, então, nos próximos dias dessa época, voltei a pegar dias azuis e fiz, nesta temporada de voo, um voo de 311 km, este de 140 km e mais um de 305 km na rota Sudeste.


Bom, passadas algumas experiências na Bahia e conhecendo algumas pessoas e rampas, vejo que não temos apenas uma opção de rampa que comporte voos acima de 300 km. Temos várias, e darei nome a vocês, como minha predileta: Inhobim, em Vitória da Conquista, às margens da BR-116. Esse é o lugar que vejo com potencial acima dos 400 km com muito bons olhos, principalmente pela facilidade e rotas das estradas, além da configuração da topografia no trajeto do voo.


Outra rampa que ainda não conheço é Santa Terezinha, que inclusive já tem registrado alguns voos de 200 km. Há também outras rampas, mas que ainda preciso estudar melhor os mapas. No momento, estou me dedicando a Inhobim, que é o próximo objetivo para fazer um voo acima de 300 ou 400 km.


Falando de Ribeira do Pombal especificamente, a rampa é muito boa, saída fácil, condição boa. Mas, para voos até 200 km, é ótima e fácil. Agora, para voos acima disso, principalmente 300, 400+, já começa a complicar, porque existem muitas áreas de Caatinga, e muitas delas sem ruas ou qualquer clareira onde se possa pousar. Dependendo da rota, você pode ter que fazer uma travessia de no mínimo 50 km. Complicado.


Trecho de Caatinga entre os Parques Estaduais Morro do Chapéu e Parque Nacional Boqueirão da Onça- BA km do voo 350.


No entanto, como neste voo dos 421 km OLC e 403 km linha reta, a partir do km 160, eu comecei a fazer um desvio para a esquerda para evitar uma região que eu já tinha passado e visto outra que seria muito difícil de atravessar. Então, sabendo que, se eu chegasse no horário bom em certa região, teria de fazer esse desvio para evitar dois parques: um estadual do Morro do Chapéu, à esquerda da rota, e o outro à direita, o Parque Nacional do Boqueirão da Onça. Sinistro, mas foi quando pousei no final de tudo, no voo dos 311 km. Área de mata muito grande, isso nesta rota Leste.


A rota Sudeste de Ribeira do Pombal já é mais tranquila, sempre por cima de vilarejos e ruas de terra. No entanto, a condição é um pouco mais forte, principalmente quando chega próximo ao Rio São Francisco, em Petrolina/Juazeiro.


Outro ponto importante que gostaria de destacar deste voo de 400 km foi quando cheguei à região da Serra do Parque do Morro do Chapéu. Cruzando a serra, vem um flat, e isso era por volta das 16h, mais ou menos, e tinha muitos "dust" no visual. O que isso quer dizer? Muita energia acumulada na superfície naquela hora do dia. Quando cheguei nesse trecho, peguei a térmica mais forte do dia, por volta das 16h30, acredito... 6 redondo, com impulso de 7 a 8 m/s, praticamente às 17h da tarde. Vejam o potencial da região no final do voo, e na boa, ainda bem que cheguei nessa região a esse horário. Não gostaria de passar por essa região tão cedo.


É importante dizer que a superfície sobe e, se não me engano, na faixa dos 700 metros, fica à altura da superfície. A certeza que eu tenho até agora é que estamos em um nível de voo na Bahia semelhante ao que encontramos tanto no Rio Grande do Norte quanto no Ceará, Quixadá, por exemplo. Acredito que as dificuldades em relação à topografia sejam muito parecidas com as de Quixadá. Já a principal diferença de voo para o Rio Grande do Norte é enorme. O Rio Grande do Norte tem uma característica muito peculiar e única, pois, no voo de 500 km no vento entre leste/sudeste, você voa praticamente no flat, sem alteração brusca no nível da altura da superfície, o que facilita muito o voo. O vento não altera muita velocidade durante o dia devido à influência da topografia.


Em comparação com o voo de Pombal, por exemplo, não precisaria ficar alterando rota, imaginando o que iria encontrar lá na frente. Só mete marcha e vai buscar a condição. Lógico que isso é uma opinião minha, baseada no meu tipo de voo. Sei que tem pilotos com muito mais experiência e que podem enxergar de outra maneira. Seria legal até expor isso para nós ficarmos sabendo qual é essa visão.


Mas o objetivo deste texto é mostrar que, além do Rio Grande do Norte e Ceará, temos uma opção interessante na Bahia, com essas rampas que citei: Ribeira do Pombal, Inhobim, em Vitória da Conquista, Santa Terezinha, Jacobina, entre outras. Essas rampas são para voos de 300, 400 km, e eu tenho certeza de que comportam 500 km. Agora é explorar e acertar o voo para chegar nessas marcas, e que venham pilotos com experiência para essas rampas e ajudem a expandir esse mundo inexplorado que temos no Sertão Baiano.


Meus voos realizados na Bahia em linha reta:

- 311 km

- 140 km

- 305 km

- 403 km linha reta e 421.7 olc atual recorde do Estado.

- 144 km


Vagner Campos

Instrutor CBVL e Homologador Cross Country

23/12/24


BGD Diva 2 EN- D

310 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page